My playlist

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Diáspora


Diáspora



O termo diáspora no sentido geral define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. Nesse caso, a diáspora tratada é a africana, o nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além África devido à imigração forçada, por fins escravagistas mercantis que perduraram da Idade Moderna ao final do século XIX, de africanos (em especial africanos de pele escura chamados pela cultura ocidental de negros ou afrodescendentes).
Podemos dividir esse “momento” em duas partes:                                                                                   
                                                                               
 - O tráfico negreiro para o Brasil:
Tráfico negreiro o envio arbitrário de negros africanos na condição de escravos para as Américas e outras colônias de países europeus durante o período caracterizado como colonialista. Muitos desses negros, ou na verdade a maioria deles, quando chegavam no território em que seria feitos de escravos, estavam completamente destituídos de suas identidades. Muitas vezes os senhores não sabiam que seus escravos eram da mesma região, eram conhecidos, e muitas vezes parentes, mesmo que distantes. Os africanos tem algo na cultura deles que os fazem considerar familiares mesmo que seja muito distante o grau de parentesco. Isso tudo favorecia a união desses negros e possivelmente a rebeliões que ocorriam contra a forma que viviam. 
- O retorno dos negros alforriados e fugitivos que retornaram para à terra de seus ancestrais (os retornados):
Com a abolição da escravatura, ou mesmo antes dela, ex-cativos embarcaram de volta para a África à procura de suas regiões de origem. Os africanos, ao chegarem ao continente negro, tinham alternativas limitadas: ou voltavam para onde haviam nascido, ou estabeleciam-se nas cidades da costa. A primeira solução apresentava muitas dificuldades. As comunidades do interior tinham conhecido, não raro, a guerra e a violência. Muitos destes homens haviam partido da África há dezenas de anos. Outros tinham nascido no Brasil. O interior era uma aventura incerta. Possivelmente alguns retornados voltaram às suas terras de origem e lá foram absorvidos sem delongas pelo meio social homogêneo e coeso do interior. Outros formaram nas costa africana as comunidades dos retornados brasileiros, que fecundaram a cultura local com a experiência adquirida em terras brasileiras. Os retornados da costa dominavam a língua portuguesa, essencial ao trágico negreiro e o ioruba, alguns fizeram fortunas enviando cativos ao Brasil. Outros tinham habilidades técnica e exerciam atividades de pedreiros, alfaiates, barbeiro, ourives, carpinteiros, etc. A tradição aponta os retornados como os primeiros artesãos “europeus” de Lagos. Começaram a surgir na atual capital da Nigéria, sobrados luxuosos em estilo baiano colonial e foi difundido até entre o povo ioruba. Os europeus estabeleceram comércio com estes que retornaram do Brasil e os retornados por suas vez, mantiam comércio até com o Brasil. Os Retornados, agora enriquecidos comerciantes, constituíam uma comunidade orgulhosa de suas origens. O ser “brasileiro” era um dado muito realçado, até hoje se encontram famílias nigerianas que se orgulham de sua origem “brasileira”, o português continuou como língua materna até l882, quando os ingleses permitiram somente o aprendizado de sua língua. Os hábitos alimentares baianos foram perpetuados. Estas comunidades professavam, ao menos socialmente, a religião católico-romana. Confrarias religiosas e irmandades foram estabelecidas como no Brasil. Esta comunidade, junto com a dos nagôs oriundos de Serra Leoa, constituiu a primeira burguesia negra nigeriana. Um grande número de Retornados empregou-se na administração pública e dedicou-se à vida clerical, e preparavam-se para substituir os ingleses na administração nigeriana. As esperanças políticas dos Retornados mostraram-se vãs. Os ingleses não se serviram dos “baianos” para seus projetos políticos. Preferiram como administradores colônias, os membros da aristocracia das comunidades do interior, a qual mantinha estreitos laços com populações a serem dominadas. Os retornados considerados brancos pelos africanos e negros pelos europeus, viveram uma verdadeira crise de identidade, frestados nos seus projetos de ascensão social e política. Muitos se voltaram para a negritude, para o estudo ioruba e para as religiões africanas. O declínio dos “brasileiros” era inexorável.





0 comentários:

Postar um comentário